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10/12/2012

Museu TAM: ‘Uma noção clara da evolução tecnológica através do tempo’


Na segunda parte do depoimento, o presidente do Museu TAM, João FranciscoAmaro, fala do papel de formação que o museu tem prestado não só à classe estudantil de São Carlos e região, mas aos próprios adultos que o visitam; comenta sobre seu sonho em trazer para o museu uma aeronave da extinta e saudosa Vasp e reconhece a dimensão histórica do museu que, segundo as suas próprias palavras “mostra a evolução da tecnologia e o esforço que a humanidade teve que fazer para chegar aos dias de hoje onde se pode voar a quase a 1000 km/h com a maior segurança possível. Aqui tem-se a noção da evolução tecnológica através do tempo”, disse ao DT. Acompanhe:

Lei Rouanet
A Lei Rouanet auxilia sim, temos um projeto cultural que foi executado este ano. Através desse projeto, as próprias empresas do grupo costumam fazer os aportes de capital necessário para fazer o custeio do museu. Funciona da seguinte maneira: quando a personalidade jurídica tem que pagar o imposto de renda, ela pode separar 3% do valor devido e fazer aplicações em projetos culturais, não só aqui do museu como peças teatrais, filmes, outros museus, enfim, tudo que trabalha com cultura, que é administrado pelo Ministério da Cultura. O museu está debaixo de uma instituição chamada Eductam.


Um acervo de 109 aviões, 80 expostos, sendo que 38 ainda voam
Aeronave que falta
Um acervo de 109 aviões, 80 expostos,
sendo que 38 ainda voam
Tem muita coisa para o museu buscar ainda. O que eu sou muito cobrado aqui é pra gente ter um avião da Vasp que está apodrecendo no aeroporto de Confins em Belo Horizonte. Eu costumo dizer que esses aviões são o mesmo brinquedo, só o preço que mudou, agora quando você trata de um Boeing do tamanho do Boeing-737 que está em Confins e traz esse avião para cá, na realidade dos dias de hoje, com a TAM dando um prejuízo maluco que tem dado, fica difícil trazer, porque tem que mandar uma equipe em Belo Horizonte. Primeiramente tem que conseguir a autorização da massa falida ou através de um decreto judicial que esse avião vai ser preservado, porque não vale absolutamente nada. O alumínio em que é confeccionado o avião, não é nobre igual uma lata de cerveja. É um alumínio que tem muitas ligas e não serve para este tipo de reciclagem. Partes de um avião só podem ser reciclados para ser de novo um outro avião, então é por isso que não tem muito valor. Mas teríamos que ir à BH, desmontar o avião, transportá-lo e trazê-lo aqui. É um negócio meio caro que passa fácil de R$ 100 mil.

O avião (da Vasp) não vai poder entrar aqui, a nossa porta não permite e se eu colocar ele aqui dentro eu tenho que tirar pelo menos uns cinco aviões para fora. Além disso, eu sou muito cobrado para ter aqui na exposição esses aviões de guerra, esses aviões que participaram de conflitos da Segunda Guerra Mundial, mas são todos aviões muito caros e raros. Estamos registrando a história do dia a dia.



Legado
O museu conta também com uma mostra da história da aviação
Nos Estados Unidos tem mais de 800 museus aeronáuticos, é verdade que é o país onde mais se utiliza aviões. A aviação agrícola dos EUA é maior que toda aviação do Brasil. Museus aeronáuticos na América Latina também são raros e bem modestos. No Brasil não foge muito à regra. Nós temos apenas três museus: o da Força Aérea que é muito grande, tem algumas figurinhas carimbadas e fica em (Campo dos) Afonsos, onde foi o primeiro aeroporto da FAB. Tem também o museu de Bebedouro, onde os aviões estão a céu aberto, precisa de alguns cuidados, mas tem alguns aviões de grande porte lá e tem o nosso museu que é mais moderno, mais elaborado, mais atual. Eu penso que o Brasil precisava muito de uma instituição como essa, porque as pessoas que chegam aqui e entram quase que num parque temático. Imaginem o que uma criança que está na escola deve pensar. Quando vê um Airbus ou um Boeing voando, ela imagina que aquela coisa sempre existiu e, quando vem aqui não, muda a cabeça dela porque ela entra aqui no museu e entra na década de 10, os primeiros experimentos de Santos Dumont, os primeiros aviões, os pioneiros da aviação estão aqui representados. Depois passa para década de 20 onde tem alguns aviões raríssimos. Tem o mais velho, de 1928, do Brasil e talvez da América do Sul em condição de voo. E tem a evolução da década de 30. Enfim, aqui as pessoas, não só crianças, mas os adolescentes, os amantes da aviação podem conhecer muito bem o que foi a evolução tecnológica dos aviões. Quando chega ao final ele vê uma parede que separou o nosso museu das nossas oficinas de manutenção, então através dos vidros as pessoas podem ver os Airbus em trabalho de manutenção. Por isso que eu acho que o museu é interessante porque dá uma dimensão histórica e mostra bem a evolução da tecnologia, o esforço que a humanidade teve que fazer para chegar aos dias de hoje onde você pode voar quase a 1000 km/h com a maior segurança possível.


Escolas
O Supermarine Spitfire Mk9 é um dos
aviões utilizados na 2ª Guerra Mundial
Para nós é uma grande alegria, porque recebemos em torno de 400 crianças por dia aqui. Hoje já tivemos umas 100 ou 200 escolas públicas, escolas particulares. Às quartas-feiras nós oferecemos gratuidade para quem quiser vir aqui – nós já tínhamos essa gratuidade para instituição de caridade, instituição social, hospitais – e resolvemos trazer a gratuidade para quem conseguir chegar aqui, pois nós estamos um pouco afastados dos grandes centros. Desde a concepção, nós entendíamos que o museu tinha que ficar ao lado da manutenção pesada dos aviões, entendemos que os Airbus fazem parte do show, agora imagina se isso fosse feito dentro de São Paulo.

Grande acervo
E o trabalho não para. Nós temos uma oficina de restauração onde são restaurados todos os aviões. Nós temos lá hoje três aviões em processo de restauração, inclusive um avião de guerra, transporte militar, utilizado pela Alemanha nazista e foi cedido pelo governo de Portugal. Nós mandamos um avião para ele e ele mandou esse em troca para nós. E assim o museu vai crescendo. O museu tem 109 aviões no seu acervo, tem em torno de 80 aviões expostos e, destes, 38 podem voar – não estão voando no momento porque nossa prioridade era realmente inaugurar o museu e somente agora que nós montamos o nosso corpo de engenheiros e até mesmo aproveitando o corpo de engenheiros da TAM para poder dotar os aviões de documentos e facilidades para serem inscritos na ANAC, obterem matrícula e assim poderem voar, porque eles deverão voar em dias festivos, em datas comemorativas e afins.

João Amaro e Paulo Atzingen, ao lado do Cessna 195B, a primeira a ser restaurada pelos irmãos Amaro e a que os inspirou a iniciar a coleção do Museu

Mais informações: www.museutam.com.br

Retirado: http://www.diariodoturismo.com.br/18_64_21_42_25_,museu-tam-uma-nocao-clara-da-evolucao-tecnologica-atraves-do-tempo.html

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