O Brasil precisa se reapresentar para o
mundo e para si mesmo, disse nesta quarta-feira (18) o ministro do Turismo,
Vinicius Lages, durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento
Regional e Turismo (CDR). A seu ver, o país deve fazer mais promoção de seus
pontos fortes e investir na associação do turismo com a gastronomia. Além
disso, ele considerou importante reduzir a burocracia na obtenção dos vistos e
melhorar a infraestrutura para incrementar o fluxo turístico.
Segundo afirmou Lages, o maior produtor
mundial de alimentos deve impulsionar a sua rica gastronomia para atrair mais
visitantes, especialmente do exterior. Ele citou o exemplo do Peru, que criou
um festival gastronômico para promover a culinária peruana como uma das bases
da identidade cultural do país e como fator econômico de desenvolvimento e
progresso. O ministério busca organizar algo parecido com o festival Mistura,
que atrai mais de 300 mil visitantes anualmente, para “debater, pesquisar e
divulgar a gastronomia brasileira”.
— Acho que o turismo deve ser vendido
junto com a dimensão da nossa cultura que é a gastronomia brasileira —afirmou
Lages.
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O ministro Vinícius Lages (esq) também sugeriu a redução da burocracia na emissão de vistos para estrangeiros |
O ministro também sugeriu uma
modificação na política de vistos brasileira, para estimular as visitas
estrangeiras. Ele defendeu a simplificação e a desburocratização para obter a
permissão de viagem, especialmente agora, às vésperas da realização das
Olimpíadas de 2016. Visto eletrônico ou isenção de pagamentos, observou, são
opções a ser consideradas.
— Podemos ter um país onde seja mais fácil
não apenas abrir negócios, licenciar empresas, mas também, sobretudo, facilitar
a viagem, desburocratizando mesmo, do ponto de vista de vistos. É absolutamente
fundamental que o Brasil reconheça que tem, hoje, uma barreira comercial
negativa ao exigir vistos para países que são grandes emissores de turistas
para o mundo — opinou.
A expansão da infraestrutura tecnológica
também foi mencionada pelo ministro algo que beneficiaria o setor. Além da
dificuldade com rodovias, aeroportos e portos — o turismo náutico tem crescido
bastante, e o licenciamento de marinas é difícil, lembrou — há municípios
interessantes Brasil afora que deixam de ser visitados porque não há exposição
na internet, por exemplo. Não há um site, fotos ou vídeos que mostrem a riqueza
local para os potenciais turistas, e o ministério tem estimulado esse banco de
dados, segundo disse.
A falta de internet banda larga afasta
os viajantes, e este é, na opinião do ministro, mais um investimento que
precisa crescer. Vinícius pediu ainda um programa específico, com orçamento
menos dependente de emendas parlamentares, voltado ao desenvolvimento de
infraestrutura e logística turística no país, e defendeu o fortalecimento da
Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo).
Atrativos
Em seu depoimento, o ministro disse que
os principais atrativos turísticos brasileiros são seus patrimônios natural e
cultural. Mas é difícil atrair estrangeiros, alertou, se os parques e as
reservas não estão minimamente preparadas, com equipamentos e infraestrutura
para receber mais fluxo turístico, como trilhas para caminhadas e centros de
atendimento ao turista. A legislação engessada, que dificulta a intervenção
nessas áreas, dificulta o investimento e precisa ser revista, citou.
Também merecem atenção das autoridades
as muitas vezes necessárias intervenções no patrimônio histórico e cultural. As
regras para o investimento nessas cidades tombadas são muito mais rigorosas,
difíceis e demoradas, e isso acaba afastando o investidor turístico, ponderou.
Ele mencionou o centro histórico de São Luís, um dos sítios urbanos mais
valiosos do país, mas em decadência com um uso que pouco gera emprego, renda e
fluxo turístico.
Ao responder questões formuladas pelos
senadores, Vinicius Lages afirmou que a liberação dos jogos pode ser considerada
uma fonte de financiamento para o turismo no país. Ao responder o senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG), ele mencionou o exemplo de Macau (China), que
liberou os jogos e já obtém faturamentos superiores aos de Las Vegas, nos
Estados Unidos.
O senador Waldemir Moka (PMDB-MS)
lembrou que o Congresso ajuda o ministério e o turismo brasileiro quando
destina recursos do Orçamento para o setor. A senadora Simone Tebet (PMDB-MS)
pediu números e informações sobre o turismo no interior. Já o senador José Pimentel
(PT-CE) lembrou a importância da aviação regional para a integração brasileira
e sugeriu a realização de debate sobre o tema pela CDR.
Números
O turismo representa 3,7% do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, gerando cerca de RS 200 bilhões. Em 2014 foi
batido o recorde de viagens domésticas, com 206 milhões de viagens domésticas.
O país está se consolidando como o terceiro mercado de aviação civil doméstica
do mundo, atrás da China e dos Estados Unidos.
Do ponto de vista dos turistas
internacionais, o Brasil saiu de 4,1 milhões, em 2003, para cerca de 6 milhões
no final do ano passado. A receita turística cresceu de pouco mais de US$ 2,4
bilhões, em 2003, para o recorde de US$6,9 bilhões em 2014, se constituindo no
sexto item da pauta de exportações.
Vice
A comissão elegeu o senador João Alberto
Souza (PMDB-MA) para a vice-presidência. O presidente, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), afirmou que a experiência do parlamentar ajudará a nortear os
trabalhos da CDR.
Agência Senado (Reprodução autorizada
mediante citação da Agência Senado)
retirado:http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2015/03/18/brasil-deve-unir-turismo-a-gastronomia-recomenda-ministro-em-audiencia-na-cdr