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20/12/2012

Brasil: turismo caro é preocupação



O risco maior é o País consolidar esta imagem, assim pensa o presidente da Embratur

Não há como esconder a preocupação que os números traduzem como realidade. Com preços e serviços colocados para o alto dentro do mercado turístico nacional, todo o esforço que é feito pelo setor  turístico do governo ainda se mostra frágil para contrabalançar as diferenças entre o turista brasileiro que vai para fora e o visitante estrangeiro que vem para o Brasil. 

Vir para um destino algo distante na escala mundial das viagens condiciona que nosso maior público alvo está mais próximo, nos vizinhos sul-americanos, responsáveis por 46% das chegadas. Até porque os efeitos da crise econômica internacional atingiram diretamente os emissivos de maior porte, como americanos e europeus.

Mesmo assim, a Embratur considera que tanto o número de turistas do exterior, bem como as divisas deixadas no Brasil têm aumentado progressivamente. “Até o fim do ano, cerca de 5,5 milhões de turistas estrangeiros  vão traduzir um número recorde. Em 2010, foram 5,1 milhões. Isso representa um aumento de 7,8%, percentual que é quase o dobro do registrado no mundo [4%]”, comenta o presidente da Embratur, Flávio Dino. “Em termos de divisas, o aumento supera os 10% no mesmo período, passando de US$ 5,9 bilhões para US$ 6,5 bilhões. Se recuarmos até 2003, o ingresso de turistas em uma década  aumentou 25% e as divisas cresceram 139%”.

O turismo brasileiro apostou na diversidade de mercado, diminuindo a dependência de turistas norte-americanos e europeus e ampliando as campanhas que associam o Brasil a formas de turismo que vão além das praias, “passando pelo cultural e de intercâmbio, pelo ecológico e de aventura, e pelo de eventos, melhorado ainda mais pela imagem que projetamos na área de ciência, tecnologia e inovação”.

Dino aponta ainda a visão projetada pelo País no exterior – de sucesso na política econômica – como determinante para o interesse de turistas internacionais pelo país. Ajudam também megaeventos, como o Rock in Rio e os Jogos Mundiais Militares. “Não só pelo público direto envolvido, mas pelo efeito dominó que esses eventos causam, gerando o interesse de outras pessoas em, futuramente, conhecer o Brasil. Como já disse, continuamos buscando e ampliando a diversificação. Por isso apresentaremos, nas campanhas de 2012, o Brasil como destino completo para os turistas”, adianta o presidente da Embratur.

Uma fórmula que vem dando certo, o Gold Brazil será um dos pontos em alta para 2013, configurando a promoção das cidades-sedes para o Mundial de 2014. A primeira do ano será um dia antes da Fitur, em Madri, e terá Fortaleza como destaque. Feliz coincidência já que a seleção da Espanha, atualmente a melhor do mundo, vai jogar na capital do Ceará na Copa das Confederações, em junho.

Flávio Dino de Castro e Costa revela um temor maior com relação ao valor das diárias de hotéis e das passagens aéreas no custo Brasil, problema que tem afetado o crescimento do turismo doméstico. Em pronunciamentos logo após o anuncio do déficit recorde na conta-turismo, divulgado nesta terça (18) pelo Banco Central. “Temos que reconhecer que o turismo interno está bastante prejudicado por esta condição de mercado interno”, avaliou.

Como muitos brasileiros optam pela viagem para fora após pesquisar propostas e ofertas existentes em larga escala, a repercussão do outro lado estende que muitos estrangeiros deixam de visita o País em razão dos preços. “Na medida em que um brasileiro que deseja viajar pelo país acaba sendo induzido, pelos preços, a viajar para o exterior, ele está deixando de criar um emprego no Brasil para criá-lo em outros lugares”, declarou o titular da Ermbratur. Embora descarte outras medidas restritivas, entende que o setor privado deverá responder de forma mais positiva às medidas declaradas do governo que beneficiaram o setor aéreo e hoteleiro.

Na questão dos hotéis, a iniciativa para 2013 é uma Câmara Setorial que reunirá o setor para analisar dados colhidos pela Embratur ao longo deste ano, comparando as tarifas de destinos turísticos brasileiros com hotéis no exterior. Maior concorrência para aumentar a competitividade é uma das possibilidades que considera viáveis.

A preocupação se estende ao cenário dos próximos anos. “Se a presente situação não se alterar com os grandes eventos esportivos que vem aí, com forte exposição da imagem do País, o Brasil poderá levar um bom tempo até reparar a eventual imagem de ser um destino caro para o turismo.”

A Embratur está completando um estudo a ser discutido pelo governo federal que poderá resultar em projeto de infraestrutura que vai baratear e ampliar um segmento que deveria ser vital: o aproveitamento das ferrovias para o transporte turístico. A proposta será apresentada ainda no primeiro semestre do ano que vem.

O desafio será aproveitar a integração física com a América do Sul e associá-la ao turismo. Queremos colocar gente nos trens para que, com a integração física, venha também o turismo. Claro que isso envolve políticas de facilitação nas áreas fiscais, de aduana e nos postos de fronteira”,  afirmou o presidente da Embratur. “Onde houver transporte de carga, queremos  também passageiros. Por isso, será necessário estimularmos as empresas dispostas a atuar com vagões para turistas. Com mais modais, teremos preços mais baixos e mais estímulo ao turismo. Trata-se da recuperação de uma tendência abandonada, porém bem sucedida em diversos países”, argumenta.

Flávio Dino lembra que 46% dos turistas estrangeiros que visitaram o Brasil têm, como origem, países sul-americanos. “Para termos 10 milhões de turistas em 2020, teremos de receber 6 milhões de turistas sul-americanos. Por esse motivo, teremos de manter nosso foco, principalmente, nas obras de integração da América do Sul”.

Ainda na avaliação do dirigente, a segurança não está entre as preocupações dos turistas estrangeiros que visitam o Brasil. Essa dissociação do país com a violência ajuda a indústria turística. “Na percepção do turista, a segurança sequer figura entre as cinco principais queixas”, disse Dino, baseado em pesquisas feitas. Além disso, acrescentou, “as imagens das UPPs foram vistas em todo o mundo. Isso nos trará vantagens, porque a projeção da imagem do país no exterior está bastante associada ao Rio de Janeiro”.
(*) com informes da Agência Brasil

Antonio Euryco


Retirado: http://www.brasilturis.com.br/noticias.php?id=6891&noticia=brasil-turismo-caro-e-preocupacao-

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